sábado, julho 31, 2004

Ausência temporária

Há momentos em suspensão
Há momentos de abstracção
Em que nos escondemos dentro de nós
Em que reduzimos o nosso tamanho
Em que partirmos numa procura
De sala em sala
Timidamente!
Timidamente, por detrás de cada porta
Espreitando quem anda pelas divisões
Reservando-nos o privilégio de entrar
Invisiveis.
Sem Ninguém nos ver- Sorrimos
Até que nos perdemos dentro de nós
Claramente Invisiveis


Restart

Introduzam-me coordenadas
X Y Z
Programem-me os movimentos
Y-34 X-23 Z-1.754
Apagem-me a memória
0000000
Apagem-me as lágrimas
Restart
Rebout
End Program Now
Insiram software
Retirem-me os plugins de sentimentos
Quero o meu corpo pesado de plástico leve
Mais X Y Z
Quero-me à tua vontade
Vou servir-te até que te doam os olhos
Anti-Virus
Sistema de refrigeração
Corrector ortográfico
Uploads, Upgrades, Firewalls
Apagem-me as lágrimas
E dêm-me uma tecla de DELETE

Dissolvimento

Eu declaro-me horrível
Sou uma sopa enxaguida, repugnante.
Sou o escarro no meio de uma boca apodrecida
A exalar, a vomitar, a provocar
Sou o que Quase Consegue Ser, mas não Sou
Um esquiço de mediocridade, agoniante,
Parca monstruosidade, insulto inócuo à Vida.
A disfarçar, a trepanar, a sufocar
Sou o filho enjeitado de um homem odiado
A insipida gonorreia de uma mulher que odeia
O rubi semi-precioso, indefenivel dejecto odioso
Sou o gorgulho áspero entre as paredes da garganta
Liquefaço-me como uma epidemia, sou a espada que canta.
Organicamente, Lipidamente
AIII!!!! Ergo o mundo contra uma parede
Afio a lâmina no meu corpo viscoso, e virulento, e exangue,
Vomito SANGUE, Vomito SANGUE

E Expungindo o meu lado linfático,
Vou Cantando abertamente pela noite.
Metendo nojo, a loucos, a sóbrios, aos sólidos,
Causando asco, sobretudo, a sombras e reflexos de espelhos. (Muito calmamente)


sábado, julho 24, 2004

Carlos Paredes

Tens a música por ti de luto

Anunciando o avanço do Paraíso sobre o Apocalipse

Nas franjas da Babilònia, nas costas de Meca, ou nos parques infantis de Jerusalém ou noutro sitio qualquer, podendo mesmo ser na próprio andar de cima, ao lado, ou andar debaixo

Os punhos cerrados e o sangue a subir, vital. O estado de caos a crescer, como um vicio. A respiração fértil em escalada, o aviso. Chega o arauto, pelos olhos a rebentar de côr uivando entre as paisagens incendiadas, percutindo labaredas com a sua língua encarnada, rasgando na carne, na pedra, no metal, nos espiritos ansiosos por indulgências, chicoteando visceralmente os anjos rotos de preces com ondas espinhosas, saturnais.
Comem-se palhaços maquilhados de risos e gargalhadas, queimam-se tendas de variedades. Pisam-se pessoas pequenas com os pés grandes amputados, esmagam-se pinguins e homens de fatidiotas como dentes de alho para barrar numa longa e gigantesca fatia de pão torrado, rufa a tarola para mais um número de circo apresentado por um macaco estropiado de toda a sua vida selvagem. E mais ainda, foi castrado. Puseram-lhe um chapéuzinho turco a encimar a falta de racionalidade.
Pintam-se putas, umas ás outras, depois de mergulhadas as mãos nas placentas dos filhos abortados, esfregando-se umas ás outras, rindo hilariantes e agudas por entre estolas foleiras e lábios desmesuradamente maquilhados, beijando-se umas ás outras, saltando para cima de clientes com rabo de porco, saltando de dentes e unhas postiças, rangendo estalidos entre o exalar de prazeres comprados com horas rotineiras de trabalho mal concebido. Na rua o chulo transpira por debaixo do couro cabeludo marcado por fios de gel extra-fixante e das cacetadas de objectos contudentes que hoje lhe parecem mais dias de chuva. O cabelo é repugantemente seboso e brilha no meio das sirenes que atormentam o sono dos padres católicos, vibrando no ar com propagações de pecado profissionalizado, interrupto, messiânico, a salvar as bermas dos galhos podres e os candeiros de luzes sobrenaturais, candidas.CALA-TE! Os vermes não são os que saem da boca em filmes de terror com poucas soluções mas são as bocas que comem as poucas soluções, trepando mais alto do que os céus azuis onde existe uma portinhola directa para um inferno de pessoas satisfeitas com a sua riqueza pessoal CALA-TE! esfregando as notas e simbolos de poder como quem se barra em merda, criaturas lascivas e despudoradas com apitos enfiados no cu a anunciar CALA-TE! a supremacia da besta sobre o animalesco CALA-TE da resignação sobre a repugnância, CALA-TE! do não me batas, não me batas, sobre, bate-me cabrão a ver se eu não te dou o troco. CALA-TE! Ouve-se o silêncio de um pelotão de fuzilamento uniformizado com uma farda especial, premiada pelos estilistas do regime, muito fashion e com as cores da estação. CAlA-TE! -Dizem-me- Uma modelo desfila perante o corpo furado de balas frias absorviveis e bio degradáveis para não deixar restos CALA-TE! Espalhando sanguessugas no chão CALA-TE! como se fossem migalhas para os pombos CALA-TE! CALA-TE! a lamber aquele liquido capaz de manchar o cabedal de botas engraxadas CALA-TE enquanto em casa a opinião pública bate palmas á telenovela Venuzuelana representada nas masmorras das cidades-prisão, patrocionada CALA-TE! por spots publicitários inúteis à harmonia dos livros cor de rosa, ao canto das pombas, ás ovelhinhas e cordeirinhos a pastar nos campos, ao piar dos passarinhos e ao sorriso feliz das meninas de laçarotes e sardas da infância. Há caixas a gritar palavras, CALA-TE! palavras de ordem e conducta para o mundo de luzes nocturnas, carros e assassinos a acelarar e a espreitar o perigo antes de cada curva. Abrem-se cadafalsos e caem inertes corpos mortos há mais de 10 dias, castigados nas salas de tortura, oficialmente extraídos pelo sistema imunitário, exército de globulos brancos sempre em superioridade aos numerosos vermelhos. CALA-TE! JÁ TE AVISAMOS, CALA-TE!
E vejo o fim, este é o fim.
Arremesso o meu corpo contaminado da janela deste quarto andar, voo a abraçar o chão lá em baixo, aterro sobre a terra dura que nada sente, calada de em contra os meus dentes partidos. Estou morto mas a sentir! Estou silenciado mas a sentir. Vejo-me a mim mesmo de membros esmagados, a sentir, a repousar no solo, boca entreaberta, fracturada. Fiquei surdo com a violência do impacto mas estranhamente oiço tudo numa sala de eco, um local distante, a repousar entre nuvens relaváveis, não se entorne o copo de vinho tinto sobre elas. Desligo o televisor, prometo a mim mesmo que não o volto a ligar e levanto-me.
Convido-te a que venhas comigo.


segunda-feira, julho 19, 2004

Destino Arco do Cego

Destino Alentejo, destino Évora, destino São Mansos, destino escavações, 4 dias de romano, talvez um mês de Anta, 15 dias sem internet, mas levo caneta e papel.
Destino incerto, 30 anos, 90 kilo, enorme como um urso, duas hérnias discais, um sorriso escondido, voz grave, pelos loiros nas mãos, um gosto pelo que é belo, um gosto especial pelo pormenor, espirito anárquico, pragmático, discreto, procura senhoras divorciadas para satisfazer, socialmente falando. Número de telefone...Agradam-me o Romântismo, o Surrealismo, o Humanismo, Fotografia, Poesia, Boa Música, a Idade Média, os perfumes suaves, um belo petisco, um recanto perdido no meio da natureza, água, toda a água, seja rio, mar, lago, riacho, nascente, chuva, ou suor depois de um dia de trabalho. E novamente água no duche, bem fria. Gosto de sentir, e esse é o meu destino imediato.
Destino, acordar amanhã ás 5 da manhã, tomar o pequeno almoço e um café bem forte, para depois deitar um olhar demorado e silêncioso sobre a saudosa paisagem Alentejana. Destino, mãos calejadas, dores de costas. Destino, um sorriso de felicidade no final do dia, e muito mais tarde, um sono divino numa cama ainda estranha, depois das conversas de reencontro com amigos á procura de novidades.
Mais uma vez despeço-me deste meu vicio, temporáriamente, espero.
O destino para mim é uma palavra, mas atribuindo-lhe o sentido esotérico do costume, se fôr esse o meu destino voltarei aqui.
Não há aí ninguém para me dar uma boleia até ao terminal do arco do cego?
 

domingo, julho 18, 2004

INTER VIVOS

Eu sei que tu vais voltar, e quando chegares vou estar com uma expressão ridicula possuíndo todo o meu corpo. Assim por inteiro, tal como te espero, tal como respiro lentamente a fazer contas sobre mostradores de quartzo ou ponteiros convêncionais. Uma expressão ridícula de quem treme por cada passo a encurtar a distância, por cada metro de terra palmilhado com a paisagem a ficar cada vez mais estreita, dissipando-se, até ter somente os teus olhos a procurar nos meus o que não tive coragem de escrever num cartaz gigante, em letras bem berrantes, com o vermelho do meu sangue a ferver, com o azul esverdeado a saltar sobre as cabeças da multidão na esperança torturante de te conseguir ver.
Até à tua chegada, vou deixar tudo no mesmo sitio. O livro sobre a cabeceira, os ganchos de cabelo perdidos sobre os móveis, as tuas palavras sobre o meu colo, as tuas mãos esquecidas sobre a minha pele, o teu perfume escondido entre os odores do dia a dia. Fico à espera que chegues para que possas reclamar tudo o que é teu, para que desorganizes toda a ordem com o fim de a reorganizar com os teus gestos, com os teus movimentos femininos de dedos delicados, espalhando fios de cabelo onde fico preso a sorrir para que me venhas desatar do emaranhado.
Por enquanto faço o meu corpo de firme metal, a propósito de resistir a todas as dores, ás intempéries das recordações, aos vazios a ranger e a esganiçar agudos sons agudos preenchentes de matéria intangível, a acolher os golpes avassaladores das ondas de saudades que amorratam e tudo fazem estremecer em redor, até ti, onde chegam serenas, doces. As minhas células segregam metal até aos pincaros de mim, percorrendo o que tiver de ser percorrido, sem cansaços, sem fatiga, sem hesitar, decididas, ávidas, violentas, imparáveis, demoviveis, sem te poder esquecer. Certas de ti se acercam numa fogueira quase mecânica, pesada, lenta, sincronizada nestas dores de aço a nascer sobre a carne, congelando-me a vontade num processo de fundição  perigoso, que me une a ti como se em mim vivesses, sempre. E por mais tentador que se me apresente esta união tão profunda, mais aliciante se constroi a ironia de não te ter ao meu lado, porque sinto a tua falta, porque um punho se cerra dentro de mim e me puxa as entranhas a doer de tal forma que se abrem os olhos e pupilas, abrindo-se num salto repentino para lá dos seus limites, a desfazer o escudo metálico e frio que tento construir. È! È que sentir-te longe de mim também faz parte do que é sentir-te! Esperar-te, è a ilusão de te ter ainda!
 

 

Pequeno Raio de Luz (apenas para ainda crianças)

Cansado deixei cair a noite e deitei a minha cabeça sobre a primeira pedra que encontrei. Abracei-a no frio, enquanto procurava um pouco de calor. Foi então que aquela pedra me falou. E o que ela me contou jamais irei esquecer.
Falou-me de um pequeno Raio de Luz, que nos entra pelos olhos, e nos invade insolentemente. Este Raio de Luz dá, à pessoa que invade, três novos poderes em troca pela hospedagem.
O primeiro poder consta de Super Sensibilidade, o que permite tocar em todas as cores, lamber notas musicais como quem come um gelado, saborear o que nos vêm ao olfacto, adivinhar o nome das pessoas desconhecidas, encontrar sombras a dançar discretamente, perceber as linguagens pelos movimentos, ver tudo o que se escondia, e até é possível abraçar os sentimentos. A pedra contou-me que pode até acontecer que se adivinhe a personalidade das pessoas somente por lhes olhar para a forma como descansam a boca. Por isso inventaram o ditado do "peixe morre pela boca". O que a pedra me contava batia certo.
O segundo poder é a Super Disposição, que nos leva a embarcar em todos os projectos fantásticos, que motiva a saltar da cadeira, torna possível qualquer sonho, que substitui os relógios e nos ajuda a organizar o tempo de forma mais saudavel, acelera ou atrasa os movimentos da terra, põe um homem num objecto voador, põe um homem de cabeça com os pés na Lua, põe a Lua a surgir na noite quando estamos cansados.
Finalmente o terceiro poder! Pois, quem fôr invadido por este Raio de Luz terá o poder da Super Valorização. O homem que tem este poder verá riquezas a surgirem por todos os lados, de todos os locais do mundo chegarão coisas de o deixar boquiaberto, nunca terminarão os tesouros, as ruas estarão cobertas de ouro, os céus de prata, os rios bordejados a rubis, as folhas das árvores acenarão os seus brilhos de jade, os candeeiros alumiarão opalinas e ametistas, as casas serão de fino coral vermelho e platina, os ruídos serão feitos de música, as lágrimas feitas de risos, a chuva sempre reconfortante, o arco-iris ainda maior, os silêncios serão realmente de ouro, as laranjas verdadeiramente de prata, mas para a sede a água continua a ser a única coisa que a mata, só que tudo será mais saboroso, mais precioso, mais intenso, redescobrindo que tudo tem mais valor, não esquecendo o único senão, pois tudo o que é mau será pior, mas tudo o que é bom será muito melhor, e será quase tudo bom.
Descobrem-se, com este Super Poder do Raio de Luz,  pequenos tesouros como o calor de uma pedra numa noite fria em que nos enrolamos, para em seguida a ouvirmos, e finalmente, compreender o que se passa connosco para andarmos perdidos no meio do mundo, fazendo cair a noite e a acordar o dia.
 
 

sábado, julho 17, 2004

Renascido no Carmo

Estou sentado numa mesa de café
As árvores acenam os seus ramos ruidosamente sobre Lisboa
A sofreguidão dos dias vai passando por mim apressadamente
O sol de fim de tarde espreita por entre farpas de betão
Os passos dos sapatos de couro são mais perceptíveis
As linhas dos monumentos engarrafados entre a Cidade
Os olhos irrequietos das pombas irrequietas
A empregada de mesa com a caneta a espreitar no bolso de trás
O casal de idosos com pinta de turistas
Todas as formigas que se aproximam por debaixo dos meus pés
As folhas amarelas que caem
O largo onde brincava em criança
Os soldados hirtos no quartel da Revolução
Os que sobem da rua descendente à esquerda
Os que descem à direita para o Chiado
O café forte e quente como eu gosto
O que toca e pede esmola ou um cigarro
Mas por fim nada disto me importa
Tudo isto se passou,
Tudo é uma imagem do passado
É algo que me ficou na retina da memória
Hoje, agora, na mesma Lisboa
Já nada me interessa
Transformei o espaço em redor num vórtice centrado em mim
Recupero todas as forças para somente poder sentir
E finjo como se soubesse mentir
Sou um Idiota sozinho a ver-se no umbigo do mundo
O vento acaricia-me suavemente e tudo em redor é apenas uma espiral
O mundo passa a ser o que existe, somente, interiormente
E sinto por dentro, o toque apenas por dentro,
Viciado numa imensidão, doce, medonha, a sorrir-me,
Não oiço mais do que o centro do mundo, a mover-se, maior do que a vida,
Rodeado por uma revoltosa escuridão, propositada, desejada,
Congelado de movimentos, de perna cruzada sob a mesa, silêncioso
Com as mãos ocupadas, uma caneta e papel, impaciente,
A tinta parece não se esgotar, teima em sair, mas engasgada, desajeitada,
O meu ar mais sério faz de mim um "clown" entre os Johns e Marys .
Num estado de perfeito transe estou fora de Lisboa
Imóvel a correr pelos anéis concêntricos ,
Estou sentado numa rua sem árvores, sem casas, sem cafés,
Não há ninguém em meu redor, nem sequer à minha volta Há alguém,
Estou Só, isolado idiota, nervoso imóvel, confiante na asfixia, de perna cruzada,
Já sem sentir, sem sentir o calor do café que me parece desgostosamente fraco,
Julgo ver tudo desbotado lá fora, como se tivesse crescido Mais
Sou maior, o resto minúsculo, e sobra-me Um Arrepio
Descobri que já não gosto de nada,
Surpreendido, admito que fico surpreendido,
Porque já não gosto assim tanto de tudo,
Porque paro para procurar o que gosto,
Porque o que gosto vive em de mim, no meu vórtice!
Foi assim que fechei os olhos, palpebra contra palpebra,
Desencadiei o silêncio, esfumei o mundo
Passei o carvão deitado, levemente, circularmente sobre a folha
E fiquei no centro, sentado, na mesa de desconhecido.
Assim soube,
Que já não gosto de mais nada!
Hoje, Agora, instantaneamente Agora
Tenho a certeza de que Ontem
No passado, sentia muito menos,

E Amanhã

Vou sentir ainda mais!

Alvissaras

Vou sentir muito mais!

Alvissaras

Vou sentir muito mais!

Porque finalmente consegui parar
Desfragmentei-me
Parei e reaprendi

Parei a sentir







sexta-feira, julho 16, 2004

PQ

Por onde andarás
Por que passeios, por quais sensações, porque não estás comigo
Porque te demoras, Porque não sou tudo o que desejas ver
Por não ser tudo o que não sou capaz de ser
Porque não te alcanço, Porquê
Por não ter suficiente amplitude no passo
Por não conseguir
Por querer-te sem te ter
Por querer recriar o mundo
Porque exagero para te agradar
Porque sei bem o quanto te quero
Porque não estás comigo..





Marcha Lenta

Marcha Lenta, Marcha Lenta
Quem quer a Marcha Lenta
Que esta Marcha já cansa
Quem a quer rebentar
 
lenta, lenta
Porque não se tenta
Façam da marcha uma dança
Quem desepera sempre alcança

RES PUBLICA- a coisa pública

Vim agora mesmo de ver o clube de jornalistas, programa do canal 2, onde passaram pequenos números de qualquer coisa aberrante decorrida na assembleia da república. Entristeceu-me que ambos os intervenientes neste programa tenham considerado esta coisa "aberrante" como algo de normal, descrevendo-a como uma estratégia politica em desenvolvimento nos últimos dois anos. Estratégia que recorre à agressividade e ao humor.
Pois bem, Durão Barroso ataca e insulta, recebendo da sua bancada ( em maioria ) uma aprovação de palmas estrondosa, algo de óbvio, infelizmente. Francisco Louça, um dos alvos favoritos, defende-se, pois considera estar em causa a sua honra, e tenta manter uma postura respeitosa. Durão Barroso em "nova" resposta repete o insulto com as mesmas palavras exactamente, como quem conta o final de uma piada duas vezes. Ouvem-se as mesmas palmas.
Ferreira Leite ataca ferozmente uma personalidade parlamentar, a bancada bate palmas, e no final do discurso volta a repetir o mesmo insulto, a mesma ideia.
Carvalhas faz uma comparação oportuna do primeiro ministro inglês com uma Avestruz, e em seguida, depois de ter sido chamado à atenção pela metáfora usada, termina por pedir desculpa à Avestruz, animal não humano.
Isto é tudo tão bom e tão bonito que eu não tenho de comentar nada. O meu bom senso fica a boiar num limes, aquele que alguns conhecem, que nos imprime a ideia de que somos loucos e só nós ( ou eu somente ), acabamos por ver o que realmente se passa.
Já não sei se o País está em crise ou não.
Diz-me lá oh meu Portugal, estás em crise ou não?
Talvez se deva tudo ao calor.
Talvez se deva tudo á falta de espaço. Lembra-me de ler uma teoria de um sociólogo que ao fazer experiências com ratos, descobriu que o amontoamento tornava a espécie mais agressiva. Pode ser disso.
Já agora, para finalizar, não consigo deixar de imaginar estes politicos ou esgrimistas, ou Gois ou lá o que eles sejam, a gozarem as férias e o sol na mesma praia, com uma bela bebida na mão, enquanto eu vou escavar e rezar para que me paguem o ordenado atempadamente.
 

sexta-feira, julho 09, 2004

Tarjonnassa pääpaino talvikohteilla

Metsänomistajat tuovat tällä hetkellä tarjolle talvikohteita. Kysynnän epätasapainosta johtuen harvennusleimikoista on ylitarjontaa. Verouudistuksen lähestyessä leimikkotekijöiden vuoksi talvikohteeksi luokiteltu päätehakkuuleimikko kannattaa hyödyntää. Jos leimikko on korjattavissa kelirikkokelpoisen tien varteen, on metsässä vielä pitkään suotuisat korjuukelit.

Hankintapuun osalta myyjän on varmistettava puun menekki etukäteen. Kesä- ja kelirikkoleimikoiden myyntiin ei teollisuuden hyvien varantojen ja nousevan sahatavaran hintakehityksen ansioista ole vielä kiirettä.

Depois do antigo humor do cego e do moço, a Nostalgia

Há tempos para rir e tempos para agir
Há tempos para fazer humor e tempos para fazer alguma coisa
Ser sarcástico é ser cobarde, é esconder a face por detrás de uma palavra
É mais fácil destruir do que construir.
Há tempos para desmistificar e tempos para erigir
Ser critico é estar atento, mas porquê ficar sempre a Ver?
Por isso já mandei vir, por catálogo, um revolucionário imovível dos seus principios.
Escolhi um sul americano, por serem mais aguerridos, e estive quase para preferir um zapatista.
Quando ele chegar, carrego-o na tomada e liberto-o no meio da maralha.
Espero que ele tire o Santana Lopes do governo, espero que ele tire o Governo do Governo,
que arme toda a abstenção de armas, que comande a marcha das tropas descontentes para tingir a
assembleia da Républica de sangue vermelho Lusitano. Recuperaremos Olivença, instigaremos a revolta na
Galiza, exalteremos o nome da Liberdade, Gritaremos um grande e uníssono: BASTA!!ESTAMOS FARTOS DESTA PASMACEIRA!
ESTAMOS FARTOS DESTA RÉPUBLICA DAS BANANAS, ESTAMOS FARTOS DESTA DEMOCRACIA. ESTAMOS CANSADOS DE CAMINHAR ACORRENTADOS AO LODO!
Este meu revolucionário vai lavar o País.
Não haverá propinas, não haverá casos de nigligência nos hospitais. Ninguém voltará a dormir na rua por não ter tecto. As crianças terão direito a leite nas escolas, os teatros serão subsidiados pelo País, a dupla tributação acabará. O alentejo voltará a produzir como antes, e acabam-se as quintas para caça, improdutivas na sua maioria.
Os livros serão mais baratos, os artistas serão protegidos das editoras, os agricultores serão protegidos dos comerciantes e os consumidores também. Vamos ensinar cada trabalhador que o seu trabalho é uma missão, e que se a sua produtividade fôr superior à de um enginheiro, então pode auferir um pagamento maior do que este último.
Quem não pagar os impostos verá todos os seus bens expropriados e será PROIBIDO de conduzir qualquer actividade empresarial. A cultura será o unico foco de nacionalismo bem acolhido. Os velhos não passarão fome, os novos não passarão por vazios intelectuais, os pedófilos serão todos presos e sujeitos aos trabalhos mais duros, os farsantes serão expostos em Público, a justiça será igual para todos, as leis afectarão todos da mesma forma.
Vai-se acabar o "Deveria ser assim mas na práctica não é",
vamos terminar com o "este país é uma merda", este é o nosso país, seremos nós a moldá-lo
As escolas e as universidades terão lugares para todos os alunos, não voltará a chover nas salas de aula,
haverá computadores suficientes, os professores serão avaliados, os alunos estarão mais bem preparadas, e faremos do "português" um adjectivo de qualidade. As relações entre trabalhadores e patrões serão promovidas, os sindicatos serão revidos e o seu papel será fundamental para a valorização do papel do trabalhador assim como da importância do seu trabalho. Poderemos reduzir os impostos nos combustiveis e nos imoveis para habitação caso estas medidas resultem. Não teremos burros a puxar em sentidos divergentes, antes trabalharemos todos no mesmo sentido, melhorando o nivel de vida de uma comunidade com a mesma língua materna.
A palavra "BASTA" não será mais necessária!
Mas depois como somos um povo saudosista e romântico, com tendência para o sofrimento, voltarei a fazer nova encomenda por catálogo, só que nessa ocasião requisitarei um ditador, daqueles bem temiveis, e voltaremos á situação em que vivemos num ápice. Com sorte talvez tudo piore um pouco mais. Voltaremos a ser enganados, e novamente seremos estropiados dos nossos direitos. As leis funcionarão apenas para os "pequenos", os que não podem pagar. Voltaremos a fazer vénias aos tipos de oculos escuros e mercedões. Voltaremos a fazer humor como grandes instigadores que somos, porque ser sarcástico é uma qualidade, e sentados na nossa cadeira acabaremos por nos limitar a ver o trabalho sangrento e destemido do revolucionário querido a ser desfeito.



quinta-feira, julho 08, 2004

O CEGO E O MOÇO

Um cego andava pedindo esmola pela mão de um moço; a uma porta deram-lhe um naco de pão e um bocado de linguiça. O moço pegou no pão e deu-o ao cego para metê-lo na sacola, e ia comendo a linguiça muito à sorrelfa. O cego, desconfiado, pelo caminho começa a bradar com o moço:

– Ó grande tratante, cheira-me a linguiça! Acolá deram-me linguiça e tu só me entregaste o pão.

– Pela minha salvação, que não deram senão pão.

– Mas cheira-me a linguiça, refinado larápio!

E começou a bater com o bordão no moço pancadas de criar bicho. O moço era ladino e disse lá para si que o cego lhas havia de pagar. Quando iam por uns campos onde estavam uns sobreiros, o moço embicou o cego para um tronco, e grita-lhe:

– Salta, que é rego. O cego vai para saltar e bate com os focinhos no sobreiro. Grita ele:

– Ó rapaz do diabo! Que te racho.

Diz-lhe ele:


Pois cheira-lhe o pão a linguiça,

E não lhe cheira o sobreiro à cortiça?



Teófilo Braga, Contos Tradicionais do Povo Português

El Sol y la Luna

Julia Grajales Bilbao
7 años. Octubre de 1998


Hace mucho tiempo, vivía el Sol, que estaba jugando en la playa.
Juntó y juntó espuma del mar y se hizo la Luna.

Jugaron y jugaron... y dijo la Luna:

¡No puedo estar aquí, porque en el día me derretiré!

Entonces se despidieron.

Las lagrimas de la Luna son las estrellas.

Las lagrimas del Sol son las nubes.

Dados para adultos...

Datos generales de la Luna

Distancia media de la Tierra 384352 Km.
Diámetro aparente máx. 33' 51''; min. 29' 22''
Magnitud de la Luna llena a distancia media -12,7
Inclinación de la orbita respecto a la eclíptica 5º 09'
Excentricidad orbital 0,0549
Velocidad orbital media 3680 Km./h.
Diámetro 3476 Km.
Volumen 0,0203
Masa 0,0123
Densidad 3,34
Velocidad de escape 2,4 Km./s.
Valor de la gravedad 1/6 de la terrestre
Albedo (potencia de reflexión) 0,073


Datos generales del Sol

Distancia media de la Tierra 149.6 millones de kilómetros
Diámetro 1.4 millones de kilómetros
Masa 330,000 veces la masa de la Tierra
Valor de la gravedad 28 veces el equivalente a la terrestre


Histórias para crianças...

El Sol y la Luna

"Supongo que todos nos preguntamos porque el sol sale de día y la Luna de noche.


La Princesa Luna cada vez se sentía más triste y aburrida. Nada la hacía reír y su corte de estrellas no sabían que hacer o decir para que no se sintiera tan abatida.

- ¿Pero que te ocurre, por que no nos lo dices?- Le pregunto la Constelación de Orión.

- Ay, no lo sé- respondía Luna y se sumía en un profundo silencio.

- Quieres que te haga un té, que te prepare unos bizcochitos-

- No, no si no tengo ganas de nada. Solo quiero estar sola.-

Cuando al fin se quedo sola se tendió en su cama y se puso a llorar desconsoladamennte.

Tenía tantas ganas de conocer el amor y nadie la entendía. Pero es que no había nadie en todo el reino que la hiciera feliz.

- Así no podemos seguir, todos sabemos lo que le ocurre a la Princesa, hay que buscar algún príncipe para que nuestro reino pueda seguir adelante. Ella es el futuro y necesitamos a algún príncipe apuesto para que reine junto a Luna.-

- La única solución en enviar mensajeros a todos los reinos del universo. Y no solo como hemos estado haciendo hasta ahora que solo buscábamos en reinos colindantes.-

Así lo hicieron y las grandes estrellas partieron en un viaje hacia lo desconocido en busca de ese príncipe.

Pasado un año empezaron a llegar los mensajeros con los príncipes que habían encontrado y conforme llegaban iban siendo recibidos en audiencia por el rey y la reina.

La princesa desde otra sala observaba a los príncipes y cada vez su disgusto era mayor ya que ninguno le convencía lo más mínimo y eran rechazados.

Cuando ya había perdido todo interés, entró un príncipe rubio que resplandecía toda la sala, la princesa se quedó impresionado al verle y se enamoró al instante. Entonces puso todo el interés en ver que hablaba con sus padres:

-Majestad, me llamo Sol y vengo de un pequeño sistema Solar, donde doy luz a nueve planetas.

- Bienvenido, y es una pena que hayas venido de tan lejos, pero es que buscamos algún príncipe de alta alcurnia. ¿Y vos que le podríais ofrecer a mi pequeña?

- Yo lo único que le puedo ofrecer es amor y el abrazo cálido de mis rayos. Además tendrá el cariño de mi principal planeta.

- ¿Y sois el único que dais calor a ese sistema?

- Si, Majestad yo soy la única estrella que ilumina mi reino.

- Papá, Mamá, puedo hablar.

- ¿Qué queréis hija?

- Creo que ya he elegido a mi príncipe. Elijo a Sol.

- Pero, es un reino muy pequeño. No serás feliz.

- Y tu que sabes, Papá. Creo que seré feliz a su lado. Por favor presentádmelo.

Los reyes pese a su opinión contraria así lo hicieron. Y estuvieron hablando durante mucho tiempo y con el tiempo se fueron conociendo más y más hasta fijar la fecha de la boda.

- Tienes que pensarte bien si quieres estar conmigo. Yo sé que te quiero. Pero en mi reino debes trabajar duro. Es muy pequeño y todo el trabajo lo hago yo. Yo ilumino a cada uno de los planetas de mi reino y tu tendrás que hacerlo por la noche a uno de ellos.

- No te preocupes por mí. Quiero estar a tu lado y resplandecer cada noche con tu luz para que los habitantes de ese planeta tan bello del cual me hablas me vea y pueda guiar a los viajeros que caminen a esas horas.

Así lo hicieron y después de la boda se trasladaron al Sistema solar y desde entonces el Sol ilumina de día y la Luna refleja la luz de Sol por la noche.

Son muy felices con el paso de los tiempos aunque solo se ven unas pocas horas al amanecer cuando ambos se cruzan en el camino. Allí se miran y en sus ojos se ven todo el amor que se profesan.


Fin"

terça-feira, julho 06, 2004

Terceira Morte consecutiva

ACABOU!!
A poesia secou nos bigodes e nas bicas de imperiais
SECOU

Carne

Carne rasgada ao vento
espalhando vermelho carne
pois de carne sucumbimos
e é da carne que sentimos
saudades na nossa carne







segunda-feira, julho 05, 2004

nesta tristeza

Tenho retalhos de palavras eternas guardadas num fechar de olhos
São palavras tuas que guardo profundas

"Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros se calam mas tu não"


E Tenho-te em mim porque me surges em sonhos

"Com uma tão simples claridade sobre a testa"


Porque te soube Grande, sem medos, Viva no meio dos vivos
Porque deixaste a brisa de um leve bater de asas
Anjo destruídor da ignóbil realidade enganadora.

"Servindo sucessivas gerações de príncipes"

Deixaste ensinamentos afastando os medos do tempo

"Tempo dos coniventes sem cadastro

Tempo de silêncio e de mordaça

Tempo onde o sangue não tem rasto

Tempo da ameaça"


Lembrando que...

"O meu país sabe as amoras bravas

no verão."


Acima de tudo, deixaste-me esperança,
Muito mais para dias como este
Dias de perda e lágrimas!

"Tive amigos que morriam, amigos que partiam

Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.

Odiei o que era fácil

Procurei-te na luz, no mar, no vento."

E Encontro-te nessa esperança de luz
Com que disseste

"Se morremos em tudo o que sentimos

E podemos cantar, é porque estamos

Nus em sangue, embalando a própria dor

Em frente às madrugadas do amor.

Quando a manhã brilhar refloriremos"






As rosas

"Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas."


Sophia de Mello Breyner Andresen




sexta-feira, julho 02, 2004

Tango

recuso-me a fugir
eu sou a maré nua que transporta a madrugada
como se fosse uma criança
Fingindo-se adormecida no paraíso
rindo irónicamente

a areia fez de mim uma montanha
uma montanha de leveza dos sentidos
segundos preciosos nas horas impiedosas da paixão
absoluto com o desejo incubado
a tremer no meu corpo de madeira polida,
nos cabelos longos de uma mulher jovem,
a ser castigado, como se um homem fosse

Mas Tenho dentes fortes

Basta-me um pequeno gesto,
Abrir a janela,Tingir o céu vazio,
levantar a voz estirada no chão
e com sede existir,
aproximar-me a passos largos,
conseguir o término da relutância
e Abrir a janela ao elemento fundamental


eu sou
eu sou o que transporta a madrugada
quando me treme a voz
sou a criança que quer demasiado
rindo no colo de uma flor


Tango...