sexta-feira, julho 09, 2004

Depois do antigo humor do cego e do moço, a Nostalgia

Há tempos para rir e tempos para agir
Há tempos para fazer humor e tempos para fazer alguma coisa
Ser sarcástico é ser cobarde, é esconder a face por detrás de uma palavra
É mais fácil destruir do que construir.
Há tempos para desmistificar e tempos para erigir
Ser critico é estar atento, mas porquê ficar sempre a Ver?
Por isso já mandei vir, por catálogo, um revolucionário imovível dos seus principios.
Escolhi um sul americano, por serem mais aguerridos, e estive quase para preferir um zapatista.
Quando ele chegar, carrego-o na tomada e liberto-o no meio da maralha.
Espero que ele tire o Santana Lopes do governo, espero que ele tire o Governo do Governo,
que arme toda a abstenção de armas, que comande a marcha das tropas descontentes para tingir a
assembleia da Républica de sangue vermelho Lusitano. Recuperaremos Olivença, instigaremos a revolta na
Galiza, exalteremos o nome da Liberdade, Gritaremos um grande e uníssono: BASTA!!ESTAMOS FARTOS DESTA PASMACEIRA!
ESTAMOS FARTOS DESTA RÉPUBLICA DAS BANANAS, ESTAMOS FARTOS DESTA DEMOCRACIA. ESTAMOS CANSADOS DE CAMINHAR ACORRENTADOS AO LODO!
Este meu revolucionário vai lavar o País.
Não haverá propinas, não haverá casos de nigligência nos hospitais. Ninguém voltará a dormir na rua por não ter tecto. As crianças terão direito a leite nas escolas, os teatros serão subsidiados pelo País, a dupla tributação acabará. O alentejo voltará a produzir como antes, e acabam-se as quintas para caça, improdutivas na sua maioria.
Os livros serão mais baratos, os artistas serão protegidos das editoras, os agricultores serão protegidos dos comerciantes e os consumidores também. Vamos ensinar cada trabalhador que o seu trabalho é uma missão, e que se a sua produtividade fôr superior à de um enginheiro, então pode auferir um pagamento maior do que este último.
Quem não pagar os impostos verá todos os seus bens expropriados e será PROIBIDO de conduzir qualquer actividade empresarial. A cultura será o unico foco de nacionalismo bem acolhido. Os velhos não passarão fome, os novos não passarão por vazios intelectuais, os pedófilos serão todos presos e sujeitos aos trabalhos mais duros, os farsantes serão expostos em Público, a justiça será igual para todos, as leis afectarão todos da mesma forma.
Vai-se acabar o "Deveria ser assim mas na práctica não é",
vamos terminar com o "este país é uma merda", este é o nosso país, seremos nós a moldá-lo
As escolas e as universidades terão lugares para todos os alunos, não voltará a chover nas salas de aula,
haverá computadores suficientes, os professores serão avaliados, os alunos estarão mais bem preparadas, e faremos do "português" um adjectivo de qualidade. As relações entre trabalhadores e patrões serão promovidas, os sindicatos serão revidos e o seu papel será fundamental para a valorização do papel do trabalhador assim como da importância do seu trabalho. Poderemos reduzir os impostos nos combustiveis e nos imoveis para habitação caso estas medidas resultem. Não teremos burros a puxar em sentidos divergentes, antes trabalharemos todos no mesmo sentido, melhorando o nivel de vida de uma comunidade com a mesma língua materna.
A palavra "BASTA" não será mais necessária!
Mas depois como somos um povo saudosista e romântico, com tendência para o sofrimento, voltarei a fazer nova encomenda por catálogo, só que nessa ocasião requisitarei um ditador, daqueles bem temiveis, e voltaremos á situação em que vivemos num ápice. Com sorte talvez tudo piore um pouco mais. Voltaremos a ser enganados, e novamente seremos estropiados dos nossos direitos. As leis funcionarão apenas para os "pequenos", os que não podem pagar. Voltaremos a fazer vénias aos tipos de oculos escuros e mercedões. Voltaremos a fazer humor como grandes instigadores que somos, porque ser sarcástico é uma qualidade, e sentados na nossa cadeira acabaremos por nos limitar a ver o trabalho sangrento e destemido do revolucionário querido a ser desfeito.



4 comentários:

Anónimo disse...
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Luke disse...
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Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Artur disse...

Os comentários anteriores estão a salvo nos meus arquivos.
Agora digam-me, não é enervante alguém fazer isto com o que escrevemos ou queremos dizer? Chego aqui e simplesmente APAGO um gesto de critica, seja ela boa ou má.
À pessoa que me perguntou pelo que consigo eu mudar da minha cadeira só tenho a dizer que pelo menos não assino anónimo. E sim, eu já fiz algo por este país, embora me pareça sempre pouco e quase inutil.
A partir deste momento estão livres para voltarem a comentar, mesmo que estejam sentados numa cadeira. Acho que o importante é não baixar os braços.