quarta-feira, julho 06, 2005

Não à volta que é para Diante

A volta é sempre para trás
Soltai-me, quero ir adiante
Também nasci com dois pés
Mas o passo é sempre errante

Venho a arrimar caminho
A estrada é o meu alimento
Deixa de ser homenzinho
Cresce neste movimento
Não te queiras simplóriozinho
Com orelhas de jumento

Sigo rumo à sorte
Venha o que vier
Sigo sonhos que o mundo
Tem
Recantos, ando morto para os ver


Não me venham com histórias
Que só tem culpa a Velha Senhora
Já não entra na Terra a enxada
Porque hoje a Velha é Doutora
Já não entra na Terra a enxada
A Liberdade ainda demora


Com dois pés eu não posso parar
Contra a inércia aviso-vos já
Estou farto de ouvir dizer
Que só com cunhas se vai lá
Estou farto de ouvir dizer
Que só com cunhas se vai lá

Sigo rumo à sorte
Venha o que vier
Sigo sonhos que o mundo
Tem
Recantos, ando morto para os ver

SINA D’INDIGENTE

O Homem sem Terra
Poeta sem pena,
Traz os olhos tristes
Da sorte ser pequena,

Da sorte ser pequena,
De tanto caminhar,
Não tem chão não tem nada,
Nunca poderá voltar.

É devedor à Terra
A Terra lhe está devendo
Ao que a terra paga em vida
O homem paga morrendo


Sem escrita, sem lavra,
Sem papel onde vingar
O homem segue andando
Sem ter nada que pagar,

Sem ter nada que pagar
Sabe bem a sua sorte
De quem vive neste impasse
Sem ter Terra que o suporte.


É devedor à Terra
A Terra lhe está devendo
Ao que a terra paga em vida
O homem paga morrendo




(refrão adaptado do cancioneiro Portugês)

AI Diabo, isto são Homens

Rusga rusga
O diabo não se acusa
Rusga rusga
Ao diabo não foi ninguém
Fusca fusca
Um tiro para o ar
Tomba tomba
Um corpo no chão
Sangue Sangue
Um rio que se arrasta
Chora Chora
O diabo que se agasta

Não há diabo que aguente,
Maçãs podres no paraíso
Não se cativa a serpente
Com gritos e veneno no riso

Cravos Cravos
Nos livros de história
Rosas Rosas
Tenham compaixão
Festa Festa
Que diabo nos resta
Homens Homens
Onde estão os homens
Sobe Sobe
Este alvoroço
Desce Desce
Mais fundo do que o poço

Não há diabo que aguente,
Maçãs podres no paraíso
Não se cativa a serpente
Com gritos e veneno no riso

Rusga rusga, o diabo não se acusa
Tomba tomba um rio de gente
Festa festa, que diabo nos resta
Homens Homens onde estão os homens