sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Desliza a espiral de braços
abertos envolvendo tudo
o que está para lá dela
mesma no sentido
de vir absorver
sagaz todo o
infinito
.

1, 2, 3,
1, 2, 3, 4,
1, 2,
1, 2,


Avoluma-se de horizonte a luz
Estreiam os pássaros a entoar
os olhos desafogam esperanças
Um compasso sedutor esconde as tristezas
quais amarguras ou quais certezas sabem
porventura chamar filho ao seu dejecto
Entregas-te homem que te fazes dia a dia
Porque afinal tudo é uma fábrica
que tem por limite o infinito
Emprega-te! Joga-te ao arrepio metálico de um grito
operário e mostra os dentes
Escolhe os teus melhores sapatos, os de boa sola
Para que façam pesado ruído ao marchar
quando a voz já não chega. Ouve-se melhor o couro
porque couro...procura couro
porque a solução é a loucura
e Deus é apenas mais um patrão,
um padre, um gestor, um sacristão, um encarregado,
Saladino um conquistador aclamado pelos seus mortos
É o balanço de uma interminável linha de sucessões
Sociais sofríveis, como um copo vazio e alguém a morrer afogado

O que procuras está em ti
Tem ritmo
Está onde os pássaros entoam sem perspectiva de soldo
A luz não fere
Onde os olhos não vomitam
E se esconde a simplicidade

Nada te parecerá menos belo
.