sexta-feira, julho 02, 2004

Tango

recuso-me a fugir
eu sou a maré nua que transporta a madrugada
como se fosse uma criança
Fingindo-se adormecida no paraíso
rindo irónicamente

a areia fez de mim uma montanha
uma montanha de leveza dos sentidos
segundos preciosos nas horas impiedosas da paixão
absoluto com o desejo incubado
a tremer no meu corpo de madeira polida,
nos cabelos longos de uma mulher jovem,
a ser castigado, como se um homem fosse

Mas Tenho dentes fortes

Basta-me um pequeno gesto,
Abrir a janela,Tingir o céu vazio,
levantar a voz estirada no chão
e com sede existir,
aproximar-me a passos largos,
conseguir o término da relutância
e Abrir a janela ao elemento fundamental


eu sou
eu sou o que transporta a madrugada
quando me treme a voz
sou a criança que quer demasiado
rindo no colo de uma flor


Tango...

2 comentários:

Anónimo disse...

tu és quem me Apaixona ao descobrir a Beleza no que até hoje só foi triste. és só Luz.
(arco-íris)

Anónimo disse...

Ausência

Num deserto sem água
Numa noite sem lua
Num país sem nome
Ou numa terra nua

Por maior que seja o desespero
Nenhuma ausência é mais funda que a tua

Sophia de Mello Breyner in Mar Novo, 1958