segunda-feira, maio 03, 2004

Pontos de Fuga


De vertigem em vertigem,
De passeio em passeio
Lá vou eu correndo á margem da realidade.
Solitário despojado de sombra,
Marco a minha existência com o ruído dos passos.
De soluço em soluço,
De imperfeição em ilusão,
Lá vou remoendo ideias que trago apenas no olhar.
Recriando o mundo á minha vontade.
Questionando os mundos dos dias anteriores.
De passada em passada,
De profanação em mimetização,
Lá fui eu correndo, tanta vezes acelarando,
Até as linhas se fazerem luminosas,
Até os caminhos solitários apresentarem fugas.
As linhas vão convergindo em pontos centrais
Formando avenidas e ruas intermináveis de luz,
Brilhando sobre a escuridão que serve de fundo
Para todas elas, questões ou pensamentos,
Todos os mundos recriados, e todos os freios,
Assim se libertarem até aos distantes, infinitos,
Pequenos pontos de fuga...pontos de fuga...
Pontos de Fuga...
Que se prendem na ponta do meu cigarro
Desfazem-se em fumo e abraçam o vento
Partem para longe, para as nuvens, para fora.
Partem para todos os sitios onde habite a fantasia,
Procuram sempre novos mundos entre os velhos,
Andam á escuta de palavras ditas de outra forma,
Andam á procura de outros pontos em fuga.
Viajam virtiginosamente sobre as suas pernas,
Viajam compulsivamente sobre a minha mente,
Prometem cores e sabores, texturas desconhecidas
Pormetem convergir em algo diferente.
Vão pela luz, velozmente, incansávelmente, em fuga.
Vão para além do tempo, descrevendo curvas e espirais,
Correm de olhos fechados, quase colados ao chão,
Atiram-se para o centro do Vórtice abalando a terra,
Cortam ondas no mar furioso, cortam os céus infinitos,
Rebentam com a monotonia em Linhas infindáveis,
Crescem em orgias erguendo-se gigantescas sobre cabeças,
Mordem raivosamente o nada até ele sangrar inovação.
Os pontos de fugam não páram, não se cansam,
Correm de olhos fechados, quase colados ao chão,
Fazem gemer os materiais, assim que eles dançam,
Pontos de fuga que se fazem pequeninos em provocação.
E eu não resisto a persegui-los,
Seduzem-me de tão pequenos que ..........

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