Distorção inspirada no "Fim" de Mário de Sá Carneiro
Poema Politicóide
24 Rosas
Para o meu caixão
Montado num burro
Preso a um caixão
Quando eu morrer
Que batam em latas
Saltem aos pinotes
Enforquem gravatas
Nunca em vida fui tão contente
Morto sou livre de ser diferente
Nasci fora da lei
Nasci fora da lei
Nasci de quatro patas
No meio dos palhaços
Ensinaram-me acrobatas
Os mais tortos passos
Foi meu pai que me pariu
O Diabo me benzeu
Logo a bruxa me sorriu
Logo a forca se ergueu
Já as velhas se dobram em Ladaínhas
Esganiçando Salmos e Salve-Rainhas
Cresci fora da Lei
Cresci fora da Lei
Aos 24 anos
Tornei-me estudante
Já tinha a manha toda
Mas agora bem falante
Provoquei a greve
Espalhei a agitação
Eu sei que não se deve
Mas falei de coração
Enfatizei de tristes elegias
O capitular de todos os dias
Escarnicei a mais dura Lei
Escarnicei a mais dura Lei
Agora sou culpado
Por ser como sou
Por não ser soldado
O "tem de ser" me matou
Eu quero ir de Burro
Que a morte é incusa
Pirético o meu urro
Ao morto nada se recusa.
quinta-feira, abril 29, 2004
Publicada por Artur à(s) 4:16 da tarde
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