Sempre soube ser feito de farrapos
a que insistentemente denomino por memórias
Mas hoje tenho o corpo feito em pedaços
quase que triturados
quase que estilhaçados
quase que não são vidros mas carne e ossos
partes
peças, das quais nunca me lembro no dia a dia
a não ser por uma comichão ou por um desalento
a não ser por estas dores que me dizem: "estás vivo"
fragmentadas,
comprimidas
Desta vez não é ao que chamo religiosamente de alma
não é a esse estrépito de retalhos que teço lamentos
Hoje esta surge vibrante de tesoura na mão
e também agulha e linha
a cozer
a cozer o tecido destes restos
Tem por dedal a minha cama
terça-feira, maio 24, 2005
diaporésis
Publicada por Artur à(s) 11:15 da tarde
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