segunda-feira, novembro 22, 2004

sacanice

Sr.º Marquês, o que vês no fundo do teu chinelo?
Que Portos percorreste sob o estalar dos teus passos ignominiosos?
A sacudir a sombra do amanhecer de semblante seguro
Que guardas na pequena caixinha escondida no bolso interior do longo casacão?
Ergues do teu desprezo o mundo convertido a uma gafaria imensa.
Que escondes sob a tua arrogância farsante de pluma?
Diz-se que deitaste a alma ao Egeu. Dizem que repousa com Poseídon e as suas ninfas,
sem submissão ao evangelho da palavra e da velha moral, entre as coxas de Nereide,
a beber néctar, de bico leve.
Deste modo guardas o hábito de libertário, de prostibulo em prostibulo, lupanar em lupanar,
vagabundeando,
remoendo de vilancico em vilancico , a nitescência do inimaginável, da vida que preservas no escaninho insignificante dentro do teu bolso de tecido grosso.
E, misteriosamente vagueias, sacudindo o azar e as sombras da aurora à procura da urna hermética, sacralizando o momento da tua morte dedicando-te a esta em vida. Porquê Sr.º Marquês? Porquê? Porque te ris do eco da tua solidão? Será este o motivo. O Medo insano da propagação? Seja assim e eu me manifesto desta galimatia em sonante casquinada, pois leva Sr.º Marquês um guizo de prata a tilintar por entre o lodo.



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