quinta-feira, junho 03, 2004

A tosse manipulante

Continuamente o meu corpo salta em espasmos violentos e repentinos
Sobre o colchão.
Contorso-me sobre a caixa toráxica como que para restringir as pequenas dores aflitivas, mas de novo os pulmões enchem-se até quererem rebentar para se esvaziarem em raiva tussida, aliviante. O cansaço ganha espaço, agiganta-se.
Perturbado, procuro a posição correcta para poder enfim descansar. Nada parece ter resultado contra a enfermidade para além das minhas forças. O cansaço junta-se á irritação, á convulsão, aos espamos sucessivos e os meus dedos cravam-se na cama para que esta tenha pena de mim.
Levanto-me.
Tento inventar uma cura milagrosa, daquelas que ouvimos falar aos velhos sábios de colchões massacrados.
Duas voltas depois, resigno-me e volto ao campo de batalha. Caso o leite quente com mel não dê resultado, assim como as duas colheres de charope bem cheias, vou esperar que o corpo ceda erguendo a bandeira da derrota perante este exército desonroso que me ataca o sono.
Já desisti de acordar cedinho para os colóquios que vão decorrer sobre Carlos Seixas, aqui na cidade de Coimbra. Será esta a minha maior dor, fantoche que sou perante este mal que me corroi por dentro!

5.58

Sem comentários: