terça-feira, junho 01, 2004

Saí para tomar Café na Praça

Hoje saí de casa deambulante pela noite
Imiscuindo-me de negro nas sombras
Brilhando de negro na luz artificial da cidade
Os carros subíam e descíam como riscos apressados
Todos deslizando numa folha de papel com História
Eu continuava sempre a andar no mesmo sentido
Sempre em frente, sempre para onde queria ir
Onde o mais importante era mesmo andar
Percorria Coimbra respirando o ar nocturno
Com as folhas verdes a libertar uma aura fresca
Feliz por andar, por dar ao corpo o que me pede
Tudo em mim ganhou automatismos musculares
Tudo se contraía em força e descontracção
Escolhi um ritmo interrompido somente,
insconstantemente, agora, aqui, e, ali também,
pela irregularidade dos passeios.
Até que por fim cheguei a um local ermo
Vislumbrei a urbe exibindo electricidade
em tons de verde, amarelo, vermelho
em publicidade, candeeiros de rua, e mais
Tornando-se difusas na linha do negro
Contra elas se insurgíam copas de árvores
Com ramos de folhas negras quase inpercéptiveis
Por lapso a Lusa Atenas fez-se uma ilha
E o mar para além dela rugiu tão atraente
Que não me apeteceu mais parar de andar.
E ainda ando, por aí perdido,
Enquanto a noite pintar de negro a copa das árvores.

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