segunda-feira, maio 17, 2004

Movimentos Circulares

Agarro na minha alma e rasgo-a como uma carta que não soube compôr
Recomeço a escrever entre cortinados de veludo vermelho
Palmilhando sobre o chão de mosaicos geométricos
Sento-me em frente á janela aberta do quarto
A mesa de madeira range um gemido abafado
O ar condensa-se em pedaços de papel
A caneta não é mais do que tinta e plástico.
E nada parece querer sair para folha
O que é uma carta vazia? Nada!
Rasgo a alma de novo
Está seca!
Já não sangra

O meu semblante sereno disfarça-me a preocupação
Não consigo transpôr nada para outra realidade
E este nada faz-se quando basta uma palavra
A palavra certa para começar a escrever a carta
Defenitivamente concluío que não devería ter sido:
"Agarro..."

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