quinta-feira, março 04, 2004

De Olhos Inchados

As poucas horas de sono garantem-me duas auréolas em redor dos olhos.
Sinto uma pequena pressão inconfortável. Os meus globos oculares parecem querer entrar para o fundo das suas cavidades como quem diz: "queremos descansar!".
O olhar cansado e seco, o olhar pesado.
Quero fechar os olhos e entregar-me aos sonhos. A tentação de os fechar nem que seja por uns segundos apresenta-se como um excerto do paraíso possível de alcançar por um pestanejar mais longo. A felicidade tende a ser tão simples em momentos suspensos na leveza dos desejos que os sentidos nos imploram para alimentar!
Vai-se erguendo sobre os braços, em seguida sobre os joelhos, a imagem que tenho gravada como o pender de cabeça para relaxar o pescoço que se dobra. Provoca o separar dos pensamentos do resto do corpo, direccionando-os para o chão. As sensações são mais fáceis de escutar e um estertor enebriante do cerebro embriagado por reacções muito fisicas permitem o descanso da mente.
Fecho o olhos e o espaço alarga-se ao infinito, mas sem pressas de explorador. Porque para onde quer que me dirija estarei sempre no centro. São escusadas as preocupações.
As dores desaparecem pois os olhos deixam de ter qualquer utilidade, practicamente deixam de existir. Mas de olhos abertos a luz que entra queima-me o corpo. Instala-se o cansaço, aquela dormência que traz o calor da enfermidade, e vai-se reagindo a espasmos, porque o mundo está lá fora e não pára de rodar.
Olhos pesados, cansados e secos. Olhos inchados que não podem parar.


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