quarta-feira, fevereiro 11, 2004

O Homem de cinzento
Episódio V

O Homem, acordou! Hoje sem se levantar para fazer a barba, sem ter de espalhar o after-shave incomodativo dos úlitmos 5 anos. Sem tomar as torradas e o café com leite de toda a vida. Sem levar as crianças á escola, sem se despedir da mulher com um beijo.
Afinal ele nunca leu a biblia!
E aquele roupeiro forrado de fatos cinzentos não passa da falta de imaginação de um narrador que fez dele personagem. Um acto pobre e sem qualquer mais valia sentimental, desprovido do calor que na realidade a vida dá à superficie cutânea dos que estão vivos. Uma infeliz obra de um espirito que prefere montar a vida dos outros do que a própria.
O Homem ficou transtornado porque recebeu um exame do médico onde vinha especificado uma anomalia rara. A cavidade que se destina a receber o orgão vital estava vazia. Ele não tem coração! Não existe, e não se sabe se alguma vez existiu. Tem apenas um espaço vazio no seu lugar.
Está á mais de uma hora na cama a tentar ouvir palpitações do seu batimento cardíaco, mas não houve nada. Não é possivel, pensa ele. E amaldiçoa quem criou tamanha aberração.
Um homem sem coração só pode ter sido criado por outro homem sem coração- Pragueja ele-.
Saíu da sua casa, ainda de pijama vestido, levou o cartão de crédito e foi comprar fatos de outras cores.

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