segunda-feira, fevereiro 09, 2004

Homem de Cinzento
Episódio IV


O Homem descobriu que afinal não tem nenhuma amante. Foi tudo um sonho criado pela sua cabeça. Ele teve sim, a vontade de ter uma amante. Por isso ficou mais tempo na cama e se atrasou.
A sua desonra foi causada por um sonho molhado, ali, mesmo ao lado da sua mulher. Foi o desejo de um pecador, que como um porco quis sucumbir ás delicias carnais dos diabos de saias roncando, chafurdando avidamente. Desejou esconder-se da sua vida entre as pernas de uma cortesã.
Concluiu que a vontade de ser jovem, em que era homem capaz e bem sucedido entre as mulheres, lhe prevaricou o juízo resultando dele um sonho cor-de-rosa. Cor-de-rosa, a cor do pecado disfarçado de cordeirinho.
Mais uma vez, veste o seu fato, cinzento, metódicamente, elegantemente, apertando o último botão do colarinho em frente ao espelho, incomodado pelo cheiro do after shave, ainda presente no ar, e parte par a sua desgraça como um soldado armado de rigidez troca a vontade própria por um designio maior.

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