quarta-feira, dezembro 31, 2003

"CARPE DIEM", o último de 2003

"Ano novo, vida nova"
Será?
"Espero que o próximo seja melhor..."
Sempre a fé, sempre a ilusão da religiosidade. Mas o facto é que se fala de individuos a ganhar bom dinheiro por preencher um boletim de jogo.
Como se chegou á conclusão que basta a mudança do algarismo da direita para se operarem no mundo uma profusão de maravilhas?
Bem, também é certo que quando se altera o algarismo da esquerda se precipitam os mais fervorosos fieis do apocalipse, lamuriando-se pelas ruas a quem tiver orelhas para eles: "é o fim do mundo".
Terá isto alguma coisa a ver com a direita e a esquerda politica? Em verdade já ouvi dizer que o fim do mundo chegará com o comunismo dominando o globo.
Enfim, também dizem que a aguardente de medronho é cancerí­gena, mas é ela que vai aguentando os velhotes na luta contra o frio, em casas sem aquecimento central.
Tirando a ilação do que dizem, parece-me, que se houver final, ele terá consumadamente uma relação directa com o poder politico. É como se nos organizassemos para o fim. Històricamente ganha um sentido de humor fantástico, pois andámos durante séculos à procura do melhor sistema para o nosso extermínio.
Històricamente, a mudança de ano não nos assegura a tal, mudança. A História deve ser observada com margens temporais mais longas, nas quais são identificáveis os circulos de tendências. A ní­vel pessoal, o dia a dia deve ser vivido, dia a dia. Viver ano a ano pode ser uma tendência de cansaço que se afigura.
Ano após ano, após ano, após ano. Claro que é util pensar em anos para fazer o balanço financeiro e fiscal, mas a nivel pessoal, viver apenas ano a ano seria por demais limitador, paupérrimo e angustiante.
Com este pensamento parto para esta passagem de ano. Vou viver sim mais uma passagem de dia, de mais um dia unico, que coincide com o final do calendário (parabéns a quem o inventou). Isto de Reveillon é sim uma boa desculpa para aproveitar ainda mais a vida.

Portanto, se no dia um de Janeiro, o "dia final" chegar, finalmente, terei vivido este 31 como se tratasse de uma vida inteira.
Viver intensamente, viver segundo o conselho de Beaudelaire, sempre rodeado de poesia, vinho e virtude.
Deveria propor acabar com as formulas do boa tarde e boa noite, sugerindo a instituição do BOM DIA.

DESEJO UM BOM ANO A TODOS, MAS ACIMA DE TUDO, UM BOM DIA


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