quarta-feira, dezembro 24, 2003

A 24 de Dezembro

Levantei-me á pressa, já atrasado para o escritório que me esperava nesta manhã de 24 de Dezembro. O relógio mostra as 10h42m. Eu ainda não sei nada do mundo...
Sei apenas que o Sol apareceu desinibido num céu de inverno, a tentar aquecer o frio que se encolhe quando a roupa grossa não o deixa entrar na nossa pele. Sei que um numero menor de trauseuntes habituais, corre maquinalmente para o local de trabalho, e sei inclusive, que hoje tenho a possibilidade de me sentar num banco de comboio ou até mesmo no chão dos seus corredores.
Encontrei um amigo. Estava atrasado e ensonado como eu. A conversa não foi muita, balbuciou-se alguma coisa. Lembro-me que falámos acerca de uma prenda que ele ofereceu aos progenitores.´
Mas a responsabilidade do atraso consumia-me os pensamentos.
Pouco mais sei do mundo HOJE. Não faço a minima ideia de quantas pessoas morreram, nasceram, ou foram violadas até este instante! Não faço a minima ideia de quantas desgraças cobrem os cabeçalhos dos jornais.
Jornais que tornam actos de violência em numeros de estatí­stica e nos fazem sentir o nosso lado humano no dia a dia. Obrigado Jornais, obrigado também ás vitimas.
Pois. Se não pensar que a maior parte das pessoas está a ter um dia fora do normal, seja na cama, na quinta, no Algarve, ou na terrinha dos pais; boa sorte para os que ainda vão de viajem. Se não pensar mais tarde o cheiro dos fritos vai aumentar. Se não pensar que as fami­lias irão estar felizes e unidas num dia agendado por ano ( o "outro" morreu para isto afinal?? ). Se pensar que menos espécies protegidas e património cultural seria destruído caso se poupassem nas luzinhas de Natal. Este dia, entre outras coisas, poderia ser, e ainda o está a ser, um dia normal.
Esta normalidade toda é muito estranha!

Sem comentários: