Continuamente
Este vazio dói-me mais do que qualquer outra dor
Vazio que tem nome e é quase sepulcral
Triste realidade, amarga como o sonho.
Tento por tudo permanecer acordado
Incessantemente
Tento, sabendo-me cansado de tentar
Tento-me,
Vou viver a mentira porque é mais fácil,
Porque nunca soube significar
Algo maior do que o meu consciente
Em toda a metafísica da minha razão.
Como o amor que nunca foi mais que palavra,
Jamais passou de intenção e se questiona.
O mundo é feito de cenários inventados...
A verdade não existe. É verdade que não existe!
É somente uma expressão, um desejo, uma flor
Sem a qual não faz sentido um jardim
após ter aberto a mãos um buraco à medida
E o jardineiro sem acepção
continua a regar aquele vazio
Incessantemente
sempre
sem que seja uma escolha
talvez, por mera rotina do seu ser.
É um zelo de profissão
é para isso que é pago
é a insanidade da repetição
é o que supostamente não se deve fazer
é o que supostamente não se deve fazer
é a comédia aos olhos dos outros e a loucura
nos comentários dos outros
e não se nota que a ele não lhe interessam
os outros
...
Ninguém o ouve a respirar
Atentamente se nota que não respira
...
ele canta ao invés, o seu encantamento...
ele não respira
De que matéria somos feitos?
Aparentemente, seríamos apenas números
E as dores são números?
Não são de facto tragédias, porque essas são formulas,
tendem a obedecer!
e O que é a liberdade?
Da liberdade sei apenas que acaba com um Não
reconheço-a apenas em lágrimas secas
que não se atrevem a sair e nos secam
para que se toque o resto de forma superficial
representando a melhor e mais conformada das mentiras
a falsa continuidade dos dias.
quinta-feira, outubro 27, 2005
superficial
Publicada por Artur à(s) 1:51 da tarde
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1 comentário:
Continuamente assim:
"A verdade não existe. É verdade que não existe!"
*
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