segunda-feira, novembro 01, 2004

escrito em Portel

Abraço a lâmina romba como quem te abraça, saboreando este meu sangue com a mesma surpresa retida nos teus lábios. Caio da mesma forma inerte com que lanço o vazio no abismo. Caio eu de seguida. Em vertigem . Em viagem vertical.
No fundo, és o Fim.
Em verdade percorri o abismo sem lhe saber fundo, sem nunca ter sido a primeira vez. Perante os anos fomos os dois o mesmo, ou simplesmente, o vazio e o abismo, um a comportar o outro. Um a percorrer o outro.
Ambos estavam dentro de mim
(Ou estavamos)


Já não os oiço
Descobri o Eco
Pouco interessa a distância quando se descobre o Eco,
foi o que descobri.
Nada importa mais do que esta descoberta. Nem mesmo a cada corte que acicuta o drenar da matéria
encarnada, fluída, na superficie romba da ausência.
Nem mesmo assim
Conduzido ao esgotamento, por inveja, por acto criminoso, nem mesmo assim, jamais espero regressar.
Deixei de conhecer o familiar caminho do Abismo, perdi-me dele. Recrudesci o impeto do abraço, construindo-o ainda mais muscular, agora sim, de sentidos abertos


A falta de realidade alterou-se, ao que eu pensava anteriormente saber o que seria a realidade
Flébeis conceptualizações de tal enfermidade cessaram
A angústia provocou-me desde sempre o sonho
Ao te encontrar, Fim, julguei reencontrar-te. FIM

1 comentário:

Maria disse...

as mesmas palavras. uma nova casa. (gostei do layout! niice)

:)