domingo, setembro 26, 2004

Adivinha

Dormem sobre linhas de pautas os meus sonhos, espero encontrar-me neles comigo, comigo, e contigo.
Espreito segredos por entre as casas dos botões, arregalando os olhos incrédulo ao ver o peixe de luz a descansar nas águas de vidro transparente, vidro inofensivo, dimensão onde as palavras não doem, as ausências não cortam, e o silêncio se propaga docemente acalmando as linguas de espirito irrequieto e quebradiço.
Escondo pensamentos insurreitos nas concavidades das árvores. Afasto-me para que sosseguem apesar de pedirem a minha voz. Aguardo o fim do calor, o calor do fim do Verão, que abrasa o pasto rasteiro das dúvidas para que por fim possa recolher com a concha das mãos a frescura dos melhores momentos.E bebo-te! Somente para ganhar forças, unicamente porque quero resistir a Tudo o que me quer debaixo da terra. Quero merecer as dores que corroem, elaboradas por estratégias cognitivas, empiricas caminhadas no meio do lodo!
Quero afagar-te em mim, em mim, contigo. Entrego-te a minha árvore dos segredos, deixo a tinta das palavras que ficam sempre por dizer á sombra de considerações maturadas para que nunca seque, e parto de punho fechado como se nele pudesse esconder do mundo as minhas recordações, as vergonhosas imperfeições, contraído, com toda a força, feito só, morto sem vida. Do que é feito Só, morto, sem vida?

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