quarta-feira, maio 12, 2004

Movimentos

Carros, pessoas, cães, pássaros, insectos, e até mesmo as plantas se movimentam de um lado para o outro. A terra movimenta-se, dizem.
O espirito movimenta-se.
A luz que incide sobre o vidro do café movimenta-se trazendo sombras que se deslocam do masso de tabaco para a mesa, do isqueiro para a mesa, do masso de artigos de arqueologia para a mesa, da chávena de café para a mesa. O meu espirito move-se para a mesa, e desconheço a dimensão em que se encontra. Do objecto para a Sombra, da Sombra para a Mesa, da Mesa para além dela, Dela para uma musica de Carlos Paredes, com um título a soar retinente, "Movimentos Perpétuos", continuamente como as pernas que sabem sempre o caminho de casa para que o espírito possa ir morar noutro local, até ao momento em que tenho de saber em que bolso guardei a chave.
Surgiu-me a ideia de que os meus momentos de consciência são apenas recorrências á memória dos actos, enquanto que o resto, ou grande parte dele, se caracterizam por movimentos eternos, não necessáriamente circulares. Andam sempre para além das sombras da mesa de café.
É apenas uma ideia claro! Mas não sei onde vai parar.




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