segunda-feira, dezembro 29, 2003

CITANDO

Não é um acto de virtude, mas ultimamente divirto-me a ler pequenas citações. Deixarei porventura aqui registadas algumas delas, assim que achar oportuno.

"O senso artístico, quando não é sustentado por um senso moral e rigoroso, torna-se um dos maiores perigos para a alma do Homem, pois pode encontrar a beleza até no acontecimento mais feroz e vulgar" , por Konstantin Aksakov.

Agora pergunto, isto é bom ou mau? Devemos ter um senso moral e rigoroso, ou pelo contrário, não devemos tê-lo?
Assim que cheguei á "doce" idade da adolescência imprimi a mim mesmo a obrigação de questionar tudo o quanto me ensinavam. Não atingi muitas respostas mas descobri que tenho um senso muito próprio.
E pergunto-me, sem esperar de facto pela resposta: o que é o senso artísitco? será que alguém o detém? O que é a estética? Tem que ser universal, ou esta é decidida por uma minoria de esclarecidos conscientes da sua derradeira sabedoria? Porque é que a estética é mutável no tempo se é afirmada como lei na maioria das ocasiões?
E o que será mais perigoso, "a beleza feroz e vulgar" ou o senso moral forte e rigoroso"? Qual deles acaba por se impôr sobre a liberdade de criação?
Lembro-me de outra citação, esta de Machado de Assis: "Creia em si, mas não duvide sempre dos outros". Será que ao duvidar as nossas conjecturas se tornam assim tão verdadeiras? Em seguida é muito mais fácil rejeitar e recriminar.
Não deveríamos Nós fazer uma auto-critica apenas dentro do nosso senso, ao invés de procurarmos a antítese ao senso dos vizinhos? Será que isso é possível? Cada um deve comer o prato que mais gosta, mas o preocupante é que nem todos podem comer o que gostam, assim como há aqueles que são obrigados a comer "aquele" prato, pior ainda, o mais triste de todos, ou o mais feliz em perspectiva cristã, aquele que desconhece que há mais pratos.

Não me consigo decidir! Acho que prefiro o senso artístico sem senso moral "forte e rigoroso", mas não me consigo abstrair do mesmo. Tenho a minha liberdade restringida pelo que aprendi e pelo que me falta aprender.
Da minha apreensão não resulta qualquer conclusão....

Sem comentários: