sexta-feira, abril 15, 2005

Amarelo

Cada vez é mais notório que o fumo do tabaco se espalha pela casa
Esta casa que eu não habito tão vastamente
Onde nem no tecto deixo marcas tão obvias da minha presença

quinta-feira, abril 14, 2005

Nota solta 1

Tantas vozem repetem a mesma frase:
"Isto está mau"
Tantos olhos se impacientam a adivinhar o futuro
Já nem há saudosismo
pois o passado é igual ao presente, e pensa-se, o que há-de ser não será diferente
Estamos parados debaixo de árvores que não crescem. Na terra que parece não dar frutos, semeia-se para dar as sementes a comer à bicharada
Também já não há caravelas, ou novas terras por desbravar
O paraíso já só existe nas brochuras das agências de viagens
O mais dificil é compreender o porquê de tudo isto no meio de tantas razões
há algo por detrás da estrutura que não facilita a mudança
porque não dúvido que esta seja desejada
A mudança é o nosso Sebastião!

terça-feira, abril 12, 2005

Drowning

Vai à solta um gesto.
Despreendido na mais absoluta escuridão, mergulhando em saliva morna,
cristalina como água e o teclar de um piano velho de madeira
Vai rangendo suavemente entre a corrente imparável, maquinal, laboriosa,
Esse gesto girando num cilindro sob agulha de grafonola.
Os tons esverdeados são algas incrustadas em olhos felinos no fundo de um bar
Na mais absoluta escuridão
No centro da textura de trevas
mas com uma réstia de sombras de dedos esticados a tentar alcançar...
o teclar de um piano no fundo de um bar com olhos incrustrados de verde e algas
S.O.S.
Grita a boca de um peixe fora de água
o desespero das guelras em sufoco é um instante de tempo estagnado na memória comprimida
as luzes da cidade eclodem estridentes do lado de fora do vidro
do lado de dentro o turbilhão de imagens cinematográficas nunca anunciaria
o ar tão pesado, impossivel de respirar
Um copo de água...
Derramada sobre um tampo de mesa brilhante a saliva quente escorre do bordo
cai ao lado de uma beata esmagada, uma barata atarefada em fuga, vidros, sobre o soalho imundo de pés e restos de humanos
É o que se encontra nos bolsos
restos de tabaco e uns trocos contados para um pouco mais de alcool.
as guelras dilatam-se sufocantes
põe-se a mão à garganta entre a atmosfera vermelha.
Desde à muito que se faz sentir a tontura
a sede desespera ainda mais
continua-se sem se respirar
Partem-se as asas e solta-se um demónio em nós
o gesto opiàcio invade as púpilas e arcadas dos olhos
solta-se o pause avan..ça...pause
as mãos nos bolsos parecem estar na cabeça
baratas vermelhas em beatas imundas
de meias arregassadas na saliva morna
os olhos veem de dentro dos olhos de dentro
somos passageiros de um corpo incapaz de respirar
vêmos a nossa vida no que sempre faz quotidianamente
sufoca-se sem poder respirar um copo de água
O reflexo no copo é o rosto que parece um gesto
Quem nos disse que para não nos magoarmos basta andar de olhos abertos?
A vida é um compromisso
Abre-se sempre a boca ao sentir dor
Pede-se sempre mais do que conseguimos dar
Respiramos mais do que conseguimos aguentar
Teme-se um copo vazio

terça-feira, abril 05, 2005

Novo Concerto do BICHO DE SETE CABEÇAS

Associação Abril em Maio, pelas 21.30, e por apenas 5 euros.
Se não vierem espalhem a noticia, divulguem, ou pelo menos visitem o nosso site. Pode ser que suscite alguma curiosidade.



Trata-se de música portuguesa, com influências do popular português, umas gotinhas de muita coisa, e um cheirinho a balada de coimbra.
Venham pois tenho a certeza de que não se arrependerão.