Tenho retalhos de palavras eternas guardadas num fechar de olhos
São palavras tuas que guardo profundas
"Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros se calam mas tu não"
E Tenho-te em mim porque me surges em sonhos
"Com uma tão simples claridade sobre a testa"
Porque te soube Grande, sem medos, Viva no meio dos vivos
Porque deixaste a brisa de um leve bater de asas
Anjo destruídor da ignóbil realidade enganadora.
"Servindo sucessivas gerações de príncipes"
Deixaste ensinamentos afastando os medos do tempo
"Tempo dos coniventes sem cadastro
Tempo de silêncio e de mordaça
Tempo onde o sangue não tem rasto
Tempo da ameaça"
Lembrando que...
"O meu país sabe as amoras bravas
no verão."
Acima de tudo, deixaste-me esperança,
Muito mais para dias como este
Dias de perda e lágrimas!
"Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-te na luz, no mar, no vento."
E Encontro-te nessa esperança de luz
Com que disseste
"Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos"
As rosas
"Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas."
Sophia de Mello Breyner Andresen
segunda-feira, julho 05, 2004
nesta tristeza
Publicada por Artur à(s) 11:27 da tarde
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1 comentário:
muito bom... uma combinação de excertos com muito sentido e no fim aquele poema magnífico sobre ROSAS. = ) escreves muito bem. falas por poesia. isso é mais que óbvio.
(mylostwords)
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