Orelhas de burro de coentrada
Na carcassa velha de um burro a apodrecer no fundo de um poço está a gerar-se vida.
Crescem larvas que se alimentam da carne podre dos burros no fundo dos poços, e também elas têm direito á vida.
Porque me parece tudo tão cruel?
A Humanidade criou monstros sentimentais, nos quais eu me incluio, e que lutam contra a ordem natural do planeta.
Portanto, vivo noutro planeta, o planeta sentimental.
Eu e a minha falange de concidadãos extra-terrestres planeámos mudar a Terra através do romantismo exagerado, tendo como plano final de conquista, um terrivel ataque suicida.
Esta operação terá como banda sonora as composições de Beethoven, e declamações das poesias de Coleridge (depois da operação de marketing, as verbas obtidas das vendas da banda sonora e réplicas de instrumentos de suicidio reverterão para ofensiva contra-alienigena, caso escapem alguns membros, de forma a proporcionar um confronto mais sangrento e apaixonado).
Pese embora a barbaridade da epopeia bélica, a verdade é que a viveríamos de forma intensa, tal como sugeriu Kant, envolvendo a nossa alma triste, negra, melancólica, de forma incondicional e exacerbada.
Seriam festejos fantásticos! Porque tal como determina o romantismo dos nossos Comandos do exército (já extintos, e este é mais um factor apaixonante da sua história), Nós, Nós não morremos, "reagrupamo-nos no Inferno", ou em ruínas históricas, embuídos no sobrenaturalismo da noite, a sempre misteriosa amante.
Irónicamente, surgimos como um Virus anti-natural, quando contudo, Homens como Rousseau nos ensinaram a amar a natureza, o que me leva justificar o suícidio do Homem romantico.
Eu, sentindo apenas o que não posso inferir para além dos meus sentidos, sei de um mundo que não posso descrever, pois provém apenas da intuição. EU,julgo que em tudo é melhor do que este mundo.
Eu, sei que é um mundo restricto aos que acreditam Nele, na terra da criação, onde ser como Rouseau e como Coleridge é apenas natural. Onde os burros não morrem no fundo dos poços, e as larvas são seres independentes da desgraça dos outros.
Ou devo pensar que com um pouco de temperos tudo marcha?!Mas....
E porque não? Porque não haveremos de fazer este ataque romantico?
Despeço-me com esta frase:
«Este é um século democrático - proclama Garrett -; tudo o que se fizer há-de ser pelo povo e com o povo»
terça-feira, dezembro 30, 2003
Publicada por Artur à(s) 11:15 da manhã
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