terça-feira, agosto 31, 2004

Pequeno Aviso

Deixei-me de palavras construídas e frases escolhidas no fiel da balança.
Eu vivo! Agora tudo me faz sentido, tudo tem outro sentido, e é sempre mais.
Estou-me a borrifar para quem pensa! Em boa verdade, estou-me a cagar para quem pensa
quando quer pensar por mim. Tenho dito! Estou-me a cagar para quem quer pensar!
Tudo de repente tem sabor e côr, tudo. Os meus ouvidos, revelo-vos que ouvem hoje muito mais do que ouviam antes. Digo-vos que há mais sons. Digo-vos que há menos palavras mas mais "coisas" para retratar. O mundo redobrou de tamanho, cresceu, levedou, estravasou a forma com que me untaram.
Digo-vos que anda por aí muito mais, digo-vos que tudo tem pernas.
Venham passar a noite comigo
Venham ver

segunda-feira, agosto 30, 2004

Por debaixo de Hoje

Sob as estrelas


Hoje deito-me com as estrelas.
Vou dormir no espaço, enrolado nos panos de poeira astral
Serei filho do cosmos sem gravidade, sem peso, a abraçar a Terra
Vou brilhar entre as constelações, de olhos fechados
Vou prender os meus dedos nas rugas dos brilhos de prata

Hoje deito-me num quebrar de ossos.
Da metamorfose da minha pele, restará apenas, nada mais que pó
Do casulo sairá um Homem Espacial, o que conhece o Mistério
Certo no seu sorriso, com um grito a correr os céus
Um conjunto de feixes luminosos, de cores variadas, longos, infinitos.

Hoje deito-me sem sangue.
Nas minhas veias correrá o ego que engolirei, sem ruído
O que era braço levantar-se-á, o que era mão fará um desenho
Suavemente, Misteriosamente, no meio do turbilhão do Caos
Estrelas, Planetas, serão recriados no centro do Universo.

Hoje deito-me onde sou.
A boca que era, o que dizia, o corpo que fui, o que fazia nunca foi especial
O que dedo que era dedo apontará para cima, para o que era sem limites
Tocando, a deslizar, as caudas dos cometas
Incontroláveis, perderão o seu sentido
Ficarei a vê-los rebentar em palcos Cósmicos
De onde nascerão estrelas Vulcânicas
A brilhar sobre cenários de lava encandescente, de veludo.

Quando Hoje é apenas um instante em que me deito,
Amo o que está por debaixo das estrelas! Os pequenos diamantes
As memórias cinematográficas, matinées das horas tardias
Os pequenos assuntos, a partida da porta de casa para a escola primária
O espectáculo, as luzes, os sons, as pipocas feitas na panela da cozinha
Os bilhetes guardados, rasgados, rasurados
Um piano
Os pianos debaixo das estrelas. A martelar notas.
Os eléctricos debaixo das estrelas.
As cidades debaixo das estrelas.
As cidades debaixo das cidades, debaixo das estrelas.

Quando Hoje me deito entre os homens,
Visto o meu fato de terra, homem espacial
Frágil, vulnerável debaixo delas.
Tenho luvas para apertos de mãos, cabelos para quando não sei respostas
Estou equipado com dois pulmões que me permitem respirar na atmosfera,
Sou novo demais para escolher e entrego-me ao suicidio da sorte
Não estou só! Caminho reconhecidamente num estilo próprio
E ardem-me os olhos se olho de frente o Sol

Sei sentir a falta de Sal, e denuncio o que é agoniantemente Doce
Sei amar e sofrer, simultaneamente
Sei acreditar no que não vejo, no que não consigo descrever
Sei seguir entre pedras, árvores, perder-me nas estradas

DasestrelasDasestrelasDasestrelas
Aprendi a linguagem antes incompreensivel
No meu fato terrestre, tão longe de casa,
Aprendi a querer ficar onde Sou
Mais uma vez, sob as estrelas

sexta-feira, agosto 27, 2004

A génese de um blogue

Sem procurar universalizar, definir, deixo uma pequena achega sobre a curioso motivação que nos leva a escrever um blogue.
Passo a citar Thomas Moore (" A emoção de viver a cada dia"). No que ele denomina de "Linguagem líquida": " Algumas receitas mágicas pedem que se comam as palavras. Arnaldo Villanova, no início do século XIV, descreve uma práctica exorcista na qual as palavras iniciais do Evangelho de São João são mergulhadas num líquido, por vezes água benta, e depois bebidas. A linguagem pode ser utilizada sem que passe pelos portais da mente e pelo intelecto interpretativo. Podemos ingerir palavras, torná-las parte de nós, sem necessáriamente compreendê-las...As nossas palavras precisam muitas vezes de liquefazer-se, pois tendem a tornar-se rígidas e quebradiças...Também a nossa linguagem diária poderia ser menos seca e mais líquida. A línguagem dos negócios, do governo e da lei está repleta de palavras rígidas, quebradiças, indigeríveis, cujo valor advém apenas de um dicionário ou das intenções manipulativas dos seus utilizadores...". Então Thomas Moore sugere a razão porque devemos Liquefazer as nossas palavras, que pela anterior descrição me parece capaz de ser representativa do que fazemos nos blogues, reforçando ainda mais esta opinião com o seguinte: "...O propósito deste estádio não é chegar a um lugar em que particular, alcansar um entendimento ou obter uma conclusão, mas simplesmente liquefazer as nossas perguntas, suposições e intenções. Discutir, conversar, fazer um diário, rascunhar, caminhar meditando (e tudo isto me parece decorrer num blogue)- estas são apenas algumas das prácticas que qualquer pessoa pode incorporar no quotidiano e que oferecem uma solução aquosa, na qual os nossos problemas podem diluir-se e dissolver-se em pedaços manejáveis. A mgai deste método não está nas conclusões lógicas a que podemos chegar, mas no desenvolvimentos menos conscientes que surgem do falar, do caminhar e do sentar. Alguns minutos encantados de conversa sincera podem ter mais efeito do que muitas horas de análise."

"O silêncio é de ouro"

Estou preocupado!
Não sei se a oposição anda a dormir ou se é reflexo das férias de verão, mas os media não têm levantado grandes polémicas ao tão temido mandato Santanista, ou Satãnista. Pouco se te ouvido pelas ruas. O burburinho acalmou à beira mar. Nem a subida do petróleo trouxe de novo o semblante apreensivo aos rostos dos Portugueses e todos seguem o seu caminho de chinelos e bermudas.
O desemprego continua a aumentar, mesmo para os licenciados, num país que diz necessitar de mão de obra especializada. E contudo, parece que a crise também se muniu de uma toalha colorida para se ir espraiar na areia.
Talvez as decisões de Satã não tenham sido de cariz profundo, possivelmente a sua acção não terá sido tão activa que mereça oposição, podendo inclusive chegar-se à conclusão que o homem desta vez acertou, a julgar pela suavidade das criticas. Ou então, os media estão todos de férias, nas mesmas estâncias que a oposição, a jogar à bola e a atirar areia para cima da tolha da Crise. Já vão longe os tempos das batalhas campais na Assembleia da República, o que me agrada, mas é de desconfiar. Por isso me interrogo. Desconfio sempre destes nossos politicos, independentemente da cor. Socorrem-se de ideais com os quais não são coerentes, usando-os como bandeiras propagandisticas, sobre os quais tenderam a especializar-se na sua deturpação. Uma mera diferença entre a vida real e o que deveria ser, o que é suposto ser, a Utopia das leis, no país da leis que todos sabem como não as cumprir, devotado ao esquecimento do humanismo para o enaltecimento da raça através da retórica. Ainda há muitas diferenças no País que não foram de férias.

quarta-feira, agosto 25, 2004

Marcha Lenta

Vai de Roda
Que esta Dança
Os braços não cansa
E não vai parar

Entrem nelas
Barrigudos
Homens narigudos
Feios de chorar

Entra
Pelo o mundo a fora
Que a dança demora
Ainda está a crescer

Rodopiam
Sobre desventuras
Amarguras
Que já ninguém quer


Marcha Lenta Quem Aguenta
Olhem que a sorte rebenta
Que esta marcha já cansa
Façam da Marcha uma dança


Vai de roda
Que esta moda
Não tem nome
É de gosto popular

Entrem nelas
Os bigodes
Das mulheres dos pobres
E as fadas do lar

Entra
Pelo o mundo a fora
Que a dança demora
Ainda está a crescer

Não
Há calos que resistam
Mesmo que insistam
Eles não vão vencer


Marcha Lenta Quem Aguenta
Olhem que a sorte rebenta
Que esta marcha já cansa
Façam da Marcha uma dança


Negro

bar

Matisse

terça-feira, agosto 24, 2004

Amarelo

Preferêncialmente Trigo, como a capinha doirada no Alentejo. Cadeiras de palhinha, os meus post it, Miró, no verde, Bananas, Luz, velas, Ska, yogourtes de baunilha, nesperas, bolas de praia, areia, energia, velocidade, os dias em que consigo cumprir tudo que idealizei, cabelos, os dedos queimados do tabaco de enrolar, os sorrisos, o queijo, maças, juventude, é quente e fresco simultaneamente, o amarelo.
Reparo que como muito amarelo, não sendo das minhas cores favoritas.

segunda-feira, agosto 23, 2004

Cizento

bar

Pormenor de Gaudi

domingo, agosto 22, 2004

Vermelho Magenta

De braços cruzados entre os reflexos de vidro e metais brilhantes, ardem as pontas dos cigarros a suspirar fumo intoxicante sobre os panos de cores Africanas. Os espelhos Tunisinos, talhados em doirados e madeira de Oliveira, reflectem os lábios vermelhos a sorver cerveja preta, Belga, nos bancos altos de metal banhado a negro, plástico, com os velho Franceses de cabelos branquinhos a falarem das pinturas rupestres do amarelo oiro dos desertos do Sahara, do verde do Afeganistão, dos olhos castanhos dos Senegaleses curiosos e matreiros. Soa a "alabama song" cantada pela Catherine Sauvage, a emprestar do meu cd um pouco de ambiência de cabaré, enrolando os fumos, as vozes, os copos a tilintar, os cubos de gelo a cair, a entrelaçar todos os sons e imagens com os eRRes arrastados da Catherrrrine. "oui je te Jurrrre....". Quase que estam por lá bailarinas de folhos brancos, pernas traçadas, botins reluzentes, sinais colados no canto da cara, carrapitos ondulados, boquilhas acesas. Os homens dos suspensórios e calças cinzentas a tocarem de sapatos de couro, brancos-negros.
Debruço-me mais uma vez, de braços repousando sobre o bar de madeira Vermelho Magenta, ouvindo o meu "Piano Negro", envolto nos meus pensamentos, a velar a noite, morcego que veio exorcizar o seu sudário nas franjas do imaginário...Magenta.
"Arthur, vai un bicadinho de Bourboun?"- sorriso meio malandro, meio envergonahdo - "só un Fondô". E brinda-se aos desertos, às Vidas. Porque dizia o George: " A Vida é dure!"
Saudades Magenta....

Delirante Magenta...

sábado, agosto 21, 2004

Azul

É tudo o que eu sou.
É tudo o que eu quero ser.

Branco

.
















.

Cor-de-rosa

Cor sem dor, sem razão, sem mostrar ser o que seja.
Senhoras feitas para receber os convivas dos maridos sempre penteados e barbeados, impecaveis. Nem a roupa ganha vincos se for cor-de-rosa. Insípida. Entediante. Lembra-me salgados sem sal, doces a saber a plástico. São dias perfeitos demais para quem anda irritado com a vida. Não provoca nem se faz casta. Fica no meio de algo indefinivel. É a ditadura que veste as criancinhas.
Não gosto nada de cor-de-rosa.
Absolutamente! Não me agrada mesmo nada.

sexta-feira, agosto 20, 2004

Castanho

"Mire usted en el armario, hombre, a ver si encuentra un traje que no le valga, aunque sea marrón"

In "A Raia de Portugal. A fronteira do subdesenvolvimento"
Antonio Pintado
Eduardo Barrenechea

Sinónimo de pobreza, a não ser que fosse "castanho italiano", em mim o castanho tem cheiro e temperatura. Cheira-me a terra húmida entre os dedos, a cobrir-me a pele do calor terno e meigo, melancólico, doce. O castanho é macio!
É abrigo, como uma cavidade dentro de uma árvore, onde me escondo e os ruídos da noite deixam de me impressionar.É casco de Caravela a partir para o desconhecido com versos e astrolábios, a cortar ondas verdes em espuma branca. É o brilho dos olhos de quem amo. É mobilia que suporta os restos da minha vida, que guarda a parafernália de papeis e música. Castanho é quem se faz notar sem se mostrar. Fica um pouco antes do nocturno, assim como um final de tarde, quente, com uma leve brisa a soprar. Castanho é a madeira dos castanheiros, das castanhas, de corpos Africanos, das pinhas, do tabaco, do pelo de alguns bichos, das escamas de alguns peixes, de algumas rochas, de algumas pinturas, dos desperdicios da plaina, do cabo da faca, é a madeira de alguns dias.
Gosto de castanho! Fica-me bem, enriquece-me na minha pobreza.
Gosto mesmo de castanho!

terça-feira, agosto 17, 2004

bar

Anís

Entre o polegar e o indicador faço bolinhas com macacos do nariz...


(Obrigado!)

sábado, agosto 14, 2004

Canção

Sally's Song Lyrics

I sense there's something in the wind
That feels like tragedy's at hand
And though I'd like to stand by him
Can't shake this feeling that I have
The worst is just around the bend
And does he notice my feelings for him?
And will he see how much he means to me?
I think it's not to be
What will become of my dear friend?
Where will his actions lead us then?
Although I'd like to join the crowd
In their enthusiastic cloud
Try as I may, it doesn't last
And will we ever end up together?no,
I think not, it's never to become
For I am not the one

Presente na banda sonora do filme "Nightmare before Christmas" (Tim Burton)

Fabulosa...

Citação...

Perpetuo lignis crescit crescentibus ignis

domingo, agosto 08, 2004

Não vou de partida

Como a bruma caminho cuidadosamente sem tocar no chão
Não quero deixar passos nem trilhos de lágrimas esquecidas.
Apago as marcas do meu corpo fracturado no gume da despedida
Disfarço as convulsões e espasmos de dor que me silênciam a voz
Ergo-me da cama quente do teu corpo.
Não quero que me sigas! Não quero que me vejas esfarrapado.
Parto como um traste parte, quebro-me como se quebra pedra
Dinamitado
Localizadamente
Rebentando de uma só vez
A engolir o meu próprio estrondo
Para que ainda tenha uso, cortado, fragmentado, por inteiro.
Deslizo sem palavras, sem gestos, sem promessas, sem ti
Sem passos ruídosos, cerrando o véu tecido das tuas saias.
Sem te beijar em despedida.
Agasalhado com trapos, seguindo cuidadosamente,
Por entre a chuva de nuvens,
Na estrada de piso endurecido
Soerguendo o corpo estilhaçado
A rasgar as costas para que delas surjam asas
Por querer disfarçar o peso dos passos moribundos
Sem te despertar.
Parto apenas por agora
Voltarei, sabendo colar novamente os meus pedaços
Despido de choros, sem cicatrizes de dor, de pele mais macia
Voltarei, absoluto do meu retorno negando a despedida
Renascendo ao teu lado
Como quem acaba de acordar.
(Não saí de partida)

Amigo imaginário

Compreendi que tinha um amigo imaginário estava eu a sentir o calor abafado do chão a queimar as primeiras chuvas de Agosto. A temperatura e a humidade tornava tudo tão desagradável que só queria encontrar uma porta por onde pudesse fugir apressadamente. Nesse momento apercebi-me de que poderia sair desse estado incómodo aprofundando um estado superior, mais perfeito, mais onírico. Rebelei-me e parti para outra dimensão, longe do que não suporto, afastando as despedidas, as marmanjices dos empregados de café, a antipatia da tipa da máquina de fiambre, os problemas inesperados, as contas, o calor abafado das chuvas de verão, a escassez de tempo, as imposições sociais, politicas, fiscais, burocráticas, a barba que nunca deixa de crescer, as unhas que nunca deixam de crescer, os kilos a mais, as dores de costas, as torradas queimadas, o estar farto de empresas de arqueologia, os Domingos áridos, o facto de nunca estar onde quero estar, o nunca ter tempo para nada, o tempo que passa sempre a correr, e todos os pequenos desajustes da vida que me fazem praguejar pontualmente.
Fartei-me de tanto aborrecimento e pedi ao meu amigo que resolvesse tudo por mim, que suportasse estes aborrecimentos. Ele não se negou, aprendeu até a queixar-se por mim.
É realmente soberbo descobrir um amigo imaginário em nós, que se dedique ás tarefas de formiga e nos permita fugir da regularidade, que nos deixe andar de braços erguidos a tocar o céu, ou a dimensão harmoniosa a que apelidamos céu.
E ainda agora, o meu amigo está ali ao lado a fazer a mochila da penosa viagem, que ele vai fazer por mim, enquanto que eu fico onde estou, a escrever, a viver só as partes boas.

sábado, agosto 07, 2004

Agradecimento

Os poucos mas optimos textos que me deixaram aguçaram-me um apetite de inventar um local onde quem quisesse pudesse escrever sobre tudo e sobre nada
Obrigado e repitam por favor
Foi um momento agradável

Dedicatória

Estou a imaginar esses caracois negros, desgrenhados, a esconder dedos a procurar respostas.
É lá que as escondes não é? Sempre suspeitei. Pareceu-me ao ver-te praticar nas fronhas das almofadas.
Xerife de cigarro no canto da boca, a esfumaçar, a esfumaçar as folhas enroladas com veneno de nicotina. Mocho de olhos arregalados, a tornar os oculos ainda mais pequenos, a pigarrear diminutivos e interjeições inpercéptiveis.
Fascina-me quem te ensinou a andar. Esse bipedismo caracteristico faz-te parece ser mais gracioso entre as árvores a roubar maças, não percebo se a terra te treme debaixo dos pés, porque por vezes tenho a impressão de que andas em pulos desordenados, descoooordenado, cabeça para a frente, braços caidos para trás, pescooooço a puxar o resto do corpo. Um gato a quem cortaram os bigodes.
Agora imagino-te a perder a atenção com um ramito que boia no rio. Imagino-te a passar o dedo pelas linhas que te alimentam essa tua fome de esgravetansos, de pedaços de arte que suspeito terem sido elaborados inconscientemente por homens despreocupados, impulsivamente, para que alguém como tu as viesse mais tarde pensar entre caracois negros, arvoredo capilar onde também eu me escondo.
Pois agora tenho-te diante de mim, como sempre, com aquele pedaço de roupa desfraldado, a meter um "zinho" no meu nome, de cigarro na mão, olhar esgazeado, o ombro, julgo que é o direito, levemente descaído, a subita interjeição, as palavras apaixonadas, a pressa de estar noutro sitio qualquer, irrequieto como sempre, eu já preparado para te abraçar, pois quero deixar aqui uma pequena dedicatória à nossa amizade.
E espero que continues a ter aquele sarcasmo mais corrosivo que a lexivia.
(claro que me lembrei daquela cave onde liamos poesia e lavavamos cerâmica com decoração flutuante)

Olha Nós,

Mindsliding

Oh Elsa

Oshipimãopão

vipititapalispis

nãopão

caios modestinus

Pois eu também tenho a certeza, e agora?



Pesadelo,

Terrivel Terrivel

Mas tudo não passou de uma impressão
Sonhei com uma tragédia.
Sonhei que me haviam roubado os lápis de cor

domingo, agosto 01, 2004

Pedido de retribuição

Peço a quem por mero acaso, ou por sinistra curiosidade vem visitar este espaço, que retribuia com um texto, próprio ou recolhido, e deposite nos comentários, ou até mesmo no meu mail (artmiserra@hotmail.com).
Seria agradável poder chegar de fim de semana e ter algo para ler.
Este é um pedido raro e excepcional na natureza do POST TERGUM. É endereçado a todos! Têm liberdade plena, e estão isentos de avaliações.


Abraço-me

Grito
Rasgo o ventre o céu feito de terra
Leito que não me deixa ser
Grito
Estás dentro de mim
Chama insaciável da minha carne
Renasço aos elementos
Grito
Violentas-me sob a pele vegetal
Parto de longe a ver-me sucumbir
Aos teus braços que esmagam
Que moldam cinzas
Tecem vida
Grito
Amordaçado de dor
Escancarando os pulsos
A tentar morder a forma
Debatendo-me
Caio
Levanto-me
Homem novo
Abraço-me o corpo
Receptáculo da Tua Luz

Abraço-te em mim